quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

Asentimento

Há um tempo  em que todas as forças se esvaem. O corpo é tomado por um estado que busco o nome certo para dar, mas não há, não encontro em nenhum idioma. Um sentimento sem título, sem nem mesmo sentimento. Que existe apenas de ausências, nenhum preeenchimento. Um não sentir: (a)sentir. E a gente simplesmente não quer mais nadar. Cansa de resistir, cansa de relutar, cansa. E afunda. Bebe água, o sal arde nas vistas, o ouvido alagado, a cabeça submersa. Por alguns instantes e só. Paralisa e lá fica, num estado meio morto e meio vivo. Como se todo o ar saísse dos pulmões. Como se todo sangue escorresse das veias. Como se entregasse o próprio destino a Deus e esperasse que ele intervisse pela vida ou não. Torpor, dormência, entrega absoluta.  Um doar-se ao nada, ao vazio. Nulidade. Nem calor, nem frio. Nenhum sentimento mora mais dentro do peito. Anestesia. Por alguns instantes a alma só flutua dentro do corpo. Apenas habita, mas sem fazer uso dele.

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