quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

Só porque hoje estou de falar da vida. Te contaria de todas as coisas. Por certo, se surpreenderia. Sei que de mim, você não sabe e nem imagina nadinha. Porque seria diferente com as coisas do mundo? Sentei num banco de praça, a olhar o tempo. Daqui se vê o tempo. Um tempo corrido, de gente com pressa, que mal te vê. Gente a sair de todos os lados, Andando por toda parte, cruzando todos os possíveis cruzamentos, indo para qualquer canto. Não faço ideia de quem sejam, mas não seria difícil inventar historias para cada um deles. Dar-lhes nomes, dar-lhes ofícios. Uns filhos, uns pais, uns solitários. Nenhum rosto é enigmático ao ponto de me travar a imaginação. Ninguém esta a salvo de um estereótipo ou caricatura. Não há obviedade, seria ingênuo condenar assim, as pessoas a uma identidade certa. Há um pouco de intuição, e um pouco do preconceito. A brincadeira não é desvendar quem é quem, mas criar uma narrativa através do que consigo perceber. Minha percepção, mas poderia ser a sua e muito provavelmente, nossas histórias teriam pontos comuns. Somos do mesmo mundo, temos nosso próprio tempo. É ele que observo daqui, o nosso tempo. A cara do nosso tempo, suas fuças e ventas, que não ventam. E o ar fica parado enquanto o tempo corre. Pelo menos aqui, de onde estou sentado, nesse banco de praça.