quarta-feira, 25 de junho de 2014

E hoje você pode trazer o maior dos gigantes que eu enfrentaria, pode fazer chover até alagar as ruas, inundar as casas, que eu sobreviveria e salvaria muita gente. Pode roubar o sol que o frio não me assustaria. Talvez fosse de sua preferência apagar a lua, mas não importaria, pois o calor do dias eternos seria meu alimento. Hoje, podem morrer todos os parentes que eu ainda iria sorrir e mesmo que me quebrassem todos os dentes, uma boca desdentada insistiria em mostrar felicidade. Hoje eu correria até o outro lado do mundo, num só folego. Pegaria todo o lixo dos rios com as próprias mãos. Teria forçar para soprar para longe todas as nuvens do céu. Eu, que sou apenas um ser humano, ganhei hoje a imortalidade. Virei um ser excepcional. Hoje eu sou o dono do mundo. E por isso, posso escolher o que eu quiser. Não posso, entretanto, escolher mudar as regras: será só por hoje. Amanhã, torno a ser de carne e osso. E as mortes me doerão, e o frio corroerá meus ossos, o sol torrará minha pele, a enxurrada me fará sucumbir e as lágrimas me afogarão. Mas isso é só amanhã. Hoje eu sou rei, dono e deus.