quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

Eu vejo o amor na falta de obviedade. O amor, em definitivo não é óbvio. E vem dos lugares que ninguém espera ou prevê. Tem predileção por mazelas e mal feitos, pelos erros, pelas intrigas. O amor gosta de contrariar, é rebelde e se afina nas entrelinhas que ninguém quer ler. Amar é quando se ama as imperfeições. O amor é o lugar onde os fracos tem vez. E os feios, e os covardes, e os burrinhos, os desleixados. O amor é a casa dos sujos e mal lavados. Aceita todo mundo de coração aberto. Ah, aceita os espertos, galãs, perfumados, bem sucedidos também, é claro. Mas esses são sempre aceitos por todos, então não quis falar deles. Prefiro sempre dar visibilidade aos rejeitados, que aqui são tratados com igualdade. O amor não fode mais e nem menos alguém por sua posição social, cor, sexo. Não preenche mais o rico ou o pobre. Faz todos de bobos. O amor é o cara. Ninguém se safa. O malandro perde. O ladrão perde. O traidor perde. A mocinha, o vilão. O mais astuto advogado não conseguirá argumentar em causa própria (nem alheia). O banqueiro não pode compra-lo. O professor não lhe toma lição. O arquiteto não é capaz de projetar um abrigo a salvo dele. Pro amor não tem esperto, pro amor só tem o amor. Fim da linha.

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