domingo, 13 de outubro de 2013

Menina, faça um pouco de silêncio porque quero lhe falar do que é obvio. Mas que nada tem de óbvio para você (ainda). És moça pura e tem o cheiro do leite dos seios de sua mãe. Seus olhinhos inocentes ainda não ganharam a amplitude dessa raposa velha que vos fala. Você me diz que viveu um amor verdadeiro e que seu coração nunca o esquecerá. Você se lamenta por não conseguir sentir, pelos novos que se aproximam, nada de parecido. E o cheiro de nenhum deles é tão agradável quanto era o do seu amado homem. E nenhum abraço é mais quente e nenhum te esquenta o peito. Também nenhum deles te olhou nos olhos com a sinceridade franca e doce dos que amam. Nenhum desses colos te deu o conforto de um lar. E nenhum conseguiu ver seu sorriso tão feliz como ele já foi. Vou te dizer, porque te gosto, e te gosto desde do primeiro dia. Te gosto como mãe, como pai e irmão. Te gosto como amiga mais velha. Te digo que o gelo que sente vem de dentro. Esfriou-se seu coração. E ele está tão gelado que esfria o calor do peito de quem te abraça. Tornou-se uma pessoa desconfiada e começas a duvidar que encontres ainda um substituto nessa vida para algo que foi tão significativo. Posso te dizer, querida amiga, que talvez não encontre. Posso te dizer, querida amiga, com toda certeza que esses anos de vida me deram, que nunca o esquecerá. E você sempre será o ser humano mais pleno desse mundo nessa sua doce lembrança de menina moça. Mais do que que foras, de fato, na presença do seu amado. A lembrança é sempre mais doce, porque o amor nos faz esquecer as partes amargas. Te direi mais. Seguiras congelada e sem esperanças por algum tempo. A quantidade de tempo, dependerá somente de você. Por isso, te digo, com ainda mais certeza: seu coração voltará a se aquecer. E te aconselho a abri-lo assim que puder. Não tenha pressa, mas não se acomode nessa neve. O frio é perigoso. Demais. Se ponha ao sol o quanto antes for possível.