segunda-feira, 5 de agosto de 2013

É que quando chega a hora da foto, todo mundo sorri

Eu odeio escrever. Odeio.  Porque quando escrevo me  revelo toda e aí sou obrigada a olhar para o que eu sou. Essas linhas tortas. Fico de frete para toda dor que eu carrego dentro da alma. E todos ficam sabendo: do quanto a vida me dói no peito, do quanto eu me sinto só, ou do quanto eu choro. Dificilmente eu conto do quanto eu sorrio. Eu sorrio o tempo todo. Sou agradável na maior parte do tempo e com a maior parte das pessoas. Só os íntimos sabem do meu turbilhão. Sei que firo gravemente um dos mandamentos da lei divina que proferem os homens: "honrar pai e mãe". Sou má filha, sou má irmã e má neta. Porque sou amarga com as pessoas íntimas (apesar de que quem mais me conheceu na vida, me ache doce... deve ter problemas gustativos). É sem maldade. É porque perco a paciência com a existência e porque me é custoso existir, mais do que para a maioria, eu diria. E nada é mais íntimo a mim do que essas linhas tortas. Não sei porque teimo e volto para essa página em branco e a transformo num mundo de inquietude. Tenho tido dias alegres e em companhia de pessoas boas, de coração bom, e por isso tenho escrito pouco. Porque me é difícil falar de alegrias. Eu tento e as vezes me dou bem. Acho que é porque a alegria se basta e não carece de versos. Ou é porque ela me ocupa tanto que esqueço de ser triste e esqueço de escrever, minha triste escrita. É certo também que escrever me alivia. Não é apenas uma revelação das minhas tormentas. Quando eu escrevo, te dou minhas tormentas. Passo a bola. E leve para você, logo, que já está demais. Faça delas o que bem ou mal entender. Como já estou confusa agora e escrevo num momento de alto choque, sei que corro sérios riscos de me perder e não chegar a lugar nenhum. Já sinto que estou sendo anestesiada por minhas defesas. Aprendi com o tempo, desenvolver um estado de paralisia diante de coisas muito graves. Já me aconteceram algumas. Ou talvez não tenham sido e na verdade seja mania minha de sentir muito por pouca coisa. Toda dolorida a pobre moça. De corpo e alma. Não sei se os bons dias irão se tornar tendência. Não sei se vivo a dor ou corro dela. Não sei onde me sinto mais viva. Não saberia dizer em qual sou mais representada. Não sei. E já começo a perder o sentido. É o choque. De que jamais irei falar - por conta da minha defesa. Vou me limitar a isso.