terça-feira, 31 de março de 2009

Homem-estufa

Por que há tanta dificuldade em libertar o amor? Por que insistimos em sufocar exatamente o que o torna tão belo: sua liberdade? O que acontece que nos faz querer o prender, querer ter posse, ter domínio, querer o ter dentro das mãos. Não é preciso isso para sentí-lo entre os dedos. Por que não amar a todos, amar a muitos e a qualquer um. Ao invés disso, nos corroemos de ciúmes, sofremos com traições, remoemos desavenças.
Ninguém é de ninguém, pelos menos não deveria ser. O amor é para ser distribuído, multiplicado. Que nos faz guardá-lo, individualizá-lo para um só?
Devíamos é nos doar mais de corpo, alma e de tudo o mais. Porque assim é o amor: é corpo, é alma e tudo o mais.
Abrir os relacionamentos, ter múltiplos relacionamentos, uma família de um milhão. Ah, devíamos todos estar abertos para receber e distribuir amor quando for possível tê-lo. Nos permitir conhecer melhor aos outros e se deixar conhecer. Penetrar naquele, invadir seus costumes, adentrar pensamentos, beber das suas ilusões, dos seus sonhos dos seus ideais e criações.
Sair por aí desfilando intenções de amor, intenções de amar. Sempre disposto, sempre afim.
Que belo seria o mundo despido das amarras, do peso das convenções, da força da moral cooptada.
Entender que o outro é tão interessante e tão imprescindível quanto você, e por isso tem direito a estar junto de quem você também ama.
Como é dificil escapar do egoísmo, se deixar levar pelo que vai contra. Que coisa é essa que vai contra?
Saibamos, que nunca dará certo. Não do jeito que é, não do jeito que está. Isso de agora, não é amor... e sem amor nada sobevive por muito tempo.

domingo, 1 de março de 2009

Testamento

Preocupa-me o fato de não ter um lugar onde jogar minhas cinzas, que seja tão importante para mim que as mereça. Falo em merecimento como se fossem realmente algo importante, valioso. Algo é valioso se tem para quem assim ser, e se fosse pensar assim, talvez se torne indiferente o lugar onde irão parar meus vestígios orgânicos. Menos romântico do que Brokeback Mountain, talvez acabem num regular cemitério. Normal, banal, corriqueiro.... Afinal que herança mais tosca: cinzas mortais... E quanta inveja a minha!