terça-feira, 14 de julho de 2015

Ela não vai se despedir de você quando for, ela simplesmente vai. Quando achar que é chegada a hora, ela irá te deixar. Em você, ficará o sentimento de que deveria ter cantado para ela toda toda noite, para que ela dormisse embalada na sua voz ao invés de se embalar nas próprias lágrimas. Ela não te contou que chorava, queria alguém que dispensasse tal confissão, para que não precisasse mostrar a fraqueza. Presentear com a caixinha de música não foi suficiente para dar-lhe sono tranquilo, canção tão impessoal. É certo que você não sabia que ela sofria e ninguém pode culpá-lo. Mas, convenhamos, que ser humano é imune a isso? Não é que você a tenha negligenciado cuidados, não. Faltou empatia diante do óbvio. Sensibilidade para saber o que todo mundo sabe. Nenhuma caixinha de música tem o calor de um colo ou a doçura da voz de quem se tem carinho. Todo mundo esconde lágrimas. Todo mundo tem dores no peito. Fraquezas de ser carne e osso.
 Quando ela for, talvez você perceba - um pouco tarde - e tente se redimir, remendar a colcha. Se, por sorte, ela for de remendos, talvez aja esperança. Se ela for desiludida, jamais acreditará na sua mudança, e vai rir dos seus farrapos, toda vez que você os oferecer. Nisso tudo, só uma coisa é certa: ela vai te deixar.

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