quinta-feira, 15 de junho de 2017

Inesperadamente, me lembrei da primeira vez que saímos. Chovia muito, eu estava de vestido e lembro de ficar com as pernas respingadas. Lembro de estar acima do peso, lembro de termos tomado um suco que nunca mais vi mistura semelhante. Nem voltando aquele lugar. Acho que a criatividade do dono não vendeu e retiraram do cardápio. Mas, era bom, o tal suco. Pedimos sabores diferentes e eu experimentei o seu. Ou não, talvez isso não tenha acontecido e seja só minha memória criando coisas. Sei que conversamos bastante, por horas. Você estava com o rosto tomado por espinhas. Você me levou até o ponto de ônibus e eu esperei por uma aproximação maior até o último minuto. Nada aconteceu. Cheguei em casa num misto de insegurança e certa esperança. Por um lado, acreditei que havia timidez de sua parte; por outro acreditei que talvez eu não fosse demasiado atraente. A julgar pelo todo, sabia que haveria outro encontro e que talvez houvesse ali algo a que me escorar, por um tempo. Desde do primeiro dia, o que senti não passou de sentimentos mornos. Não sei porque lembrei disso hoje. Acho que nunca mais havia voltado aquele dia, pensado sobre ele. Em quais pessoas estavam ali, cruzando as vidas. Sem saudade ou julgamento, apenas remonto aquele dia, despretensiosamente. Assim, só por lembrar.

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