segunda-feira, 24 de abril de 2017

Quando eu a olho bem dentro dos olhos, um frio me passa por minha espinha. Um medo toma conta de mim dos pés a cabeça. Todo meu corpo é inundado por esse medo que me aperta o coração que nem a gente faz com tubo de pasta de dente quando ele está no finzinho. Eu bem sei a causa desse sentimento, e o quanto é natural que assim o seja. Depois de tudo, de tanta vida que passou, tantas histórias de amor vividas, sofridas, superadas mas não apagadas. Diante de toda novidade que ela me traz, que ela me causa, toda novidade de sentimentos. E bons sentimentos. Me permito sentir esperança, novamente. Otimismo. E obviamente o temor assustador de quebrar a cara (outra vez). Ela é tão nova, tão ela, tão cheia de vida. E me encanta, todo seu frescor e falta de calos no coração.
Só com ela meu peito se ilumina, meus olhos se colorem, e minha cabeça se perde a construir um futuro, entre mil planos e cenas felizes protagonizadas pelo amor que sinto por ela. Tento maneirar nas expectativas e na grande besteira que é tudo isso, que é condicionar nossa vida a de outra pessoa. Me estremesse pensar no risco que me submeto em tanto querer atrelas minha vida a dela. No fato de que ela é livre para escolher e optar por outro destino. Mas me permito perder o juízo e me entregar as delícias da fantasia. Eu te pergunto: como não querer essa mulher? Como não querer pertencer a ela, aos seus sonhos, ao seu desejo, ao seu carinho... como não deixar que ela me hipnotize e faça de mim o que bem querer. Como não querer acordar ao lado dela a cada manhã, abrir meus olhos e ver antes de qualquer outra coisa, essa pele recém nascida, sentir esse cheiro doce de quem parece estar sempre limpa, esses cabelos macios, e essa carinha que a noite toda vez amarrota. Como não querer essa vida? Essa vida com ela ao meu lado. Eu a quero acompanhar crescer, a quero acompanhar descobrir o mundo. Ouvir suas histórias diárias, as queixas, as coisas engraçadas, os contratempos. Como não querer protegê-la dos males do mundo, comprar brigas em seu nome, prometer o impossível e tantas outra coisas pelas quais sei que vou fracassar. Não importa, que fracasse. Quero fracassar com ela, por ela, diante dela. Não quero um amor falso, quero um amor vivo, imperfeito. Um amor Torto. Porque para mim, só assim é belo, só a verdade é bela, a nudez, o sentimento cru, diante de mim, exposto até o osso, tal como é. Sem máscara, sem firulas, sem disfarce, sem fingir ser o que não é. Amor de carne, osso e sangue. Pra valer, humanamente, humano. E ainda assim, sublime. Divinal.
Que me perdoem as fadas, mas não quero seus contos, quero apenas contar. Contar cm ela, para toda vida, para as alegrias, para me frustrar, para sucumbir, chorar de raiva, chorar de rir, chorar, para o Natal, páscoa e os outros feriaods. Para viajar, para ficar em casa usando meias, para faxina, para cozinhar, para carregar sacolas de compras.Aturar parentes, aturar falsidades, fazer artesanatos. Escolher um par de sapatos ou a marca certa do sabão em pó. Quero essa mulher para termos filhos, para formarmos uma família. Talvez comprar um carro, talvez fazer uma horta.
Porque esta mulher me devolveu o sangue das veias, o calor do corpo. Recolocou a poesia que há em mim em seu devido lugar. E se você esta me reconhecendo nesse texto como há tempos não me reconhecia, não é ilusão sua. É tudo graças a ela. É a ela à quem devo, por ter recuperado a mão da minha escrita.

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