Fico pensando quantas vezes seria necessário perder-se para encontrar-se, ou se há essa necessidade que seja esse o movimento. Não há resposta, receita, prescrição. Eu que andei por tantos caminhos, só por andar. Quando voltei e pude retomar a tudo que deixei em suspenso. Em tanto tempo só quis uma mão estendida, mas passou tanto tempo que eu já havia esquecido que a queria. Você me estendeu não só a mão mas, todo resto: ofertou-me tudo o que tem e tudo o que é - de forma simples, simples assim. Como ninguém. Me recebeu com a grandeza e os braços abertos sem nem ao menos saber o que eu trazia comigo ou quem eu era. Fácil, generoso, gentil. Sem julgamentos, sem buscar meus antecedentes. Apenas se ofereceu a mim e se doou a mim da forma mais sincera: seu tempo, sua família, seu mundo. Levou-me com você, me pôs na garupa, na mochila, nos ombros. Era tudo que mais queria e nem sabia. Depois se pôs no meu sorriso, na minha rotina, no nas minhas preces. Reciprocidade, a mais bonita desse mundo. Sou eu mesma e te recebo da mesma forma. Somos nós. Todas as vezes e cada vez mais. Ninguém se põe em demasia, ninguém se sobrepõe. E estamos de fato, só nós, sozinhos. Ninguém mais vem com a gente: nenhum passado, ninguém de outrora, é só a gente. Puramente. Resgatei uma menina que havia me esperado esse tempo todo, enquanto eu fui para longe e ela ficou por aqui. Foi você quem a puxou pelo braço e saiu com ela por aí, e lhe retomou a vida interrompida.
Quem me conheceu a muito tempo, vai achar que sempre fui a mesma e não vai perceber toda a volta que dei. Quem esbarrou comigo entre os caminhos, identificaria tantas mudanças. Estou de volta. E você fez isso por mim. Devo a você a firmeza que eu precisava, o chão firme que você me mostrou e disse que eu podia pisar sem medo. E me zerou: ressentimentos, cicatrizes. Com seu amor, com o amor que cativou em mim. Quem me conheceu vai perceber. A escrita mais bela da minha vida ainda está por vir.
Nenhum comentário:
Postar um comentário