Hoje me lembrei da música do seu despertador. Não sei o nome, nem o
cantor, nem o idioma consigo definir com certeza. Mas, lembro dela, e poderia
reproduzi-la a meu modo. Era uma música bem desagradável de ser ouvida pela
manhã. Era bem incômoda e sem contexto. Nunca entendi a procedência ou
propósito daquela canção. Posso chutar que você tenha a conhecido por
acaso, num círculo de amigos, onde algum
pseudo-intelectual tenha citado o cantor
ou a própria música. E aí, teria sido apenas questão de tempo para que sua
curiosidade o tenha vencido e o induzido a pesquisar pela referida no google.
Do computador para o celular: um pulo. E lá estava ela, uma canção aleatória e
desconhecida soando a cada despertar mal despertado. Era a mim que ela fazia
levantar, o que me irritava profundamente. Você e sua mania de rolar na cama a
procura de mais 5 minutos de sono e piedade. Estranhamente, quem se atrasava
era eu, mesmo eu levantando antes. Você corria para o chuveiro, enquanto eu
sempre preferia comer antes de tomar banho. Aí me danava, porque você sempre
demorava tempo demais no chuveiro. A manhã te engolia. A prostração de cada dia.
Demora para acordar, demora para tomar uma ducha. Um ser noturno.
Diametralmente meu oposto. O coração da rua e da noite, obviamente não quis uma
mulher ás claras, exposta a luz do dia. As suas mulheres precisam ser prateadas
da luz da lua e não douradas da luz do sol. Tudo era sabido desde do princípio.
Ninguém jamais pode ir contra aquilo que está previsto pelo momento da vida em
que cada um está. A tentativa, mal sucedida, deixa apenas marcas de
desencontro. De pessoas que precisavam encontrar antes a si mesmas em si
mesmas. Antes, assumir as próprias vontades e expectativas. Encontrar-se.
Plenificar-se. Tarefa para, nada menos, do que uma vida inteira. Em separado.
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