segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

Hoje me lembrei da música do seu despertador. Não sei o nome, nem o cantor, nem o idioma consigo definir com certeza. Mas, lembro dela, e poderia reproduzi-la a meu modo. Era uma música bem desagradável de ser ouvida pela manhã. Era bem incômoda e sem contexto. Nunca entendi a procedência ou propósito daquela canção. Posso chutar que você tenha a conhecido por acaso,  num círculo de amigos, onde algum pseudo-intelectual tenha citado  o cantor ou a própria música. E aí, teria sido apenas questão de tempo para que sua curiosidade o tenha vencido e o induzido a pesquisar pela referida no google. Do computador para o celular: um pulo. E lá estava ela, uma canção aleatória e desconhecida soando a cada despertar mal despertado. Era a mim que ela fazia levantar, o que me irritava profundamente. Você e sua mania de rolar na cama a procura de mais 5 minutos de sono e piedade. Estranhamente, quem se atrasava era eu, mesmo eu levantando antes. Você corria para o chuveiro, enquanto eu sempre preferia comer antes de tomar banho. Aí me danava, porque você sempre demorava tempo demais no chuveiro. A manhã te engolia. A prostração de cada dia. Demora para acordar, demora para tomar uma ducha. Um ser noturno. Diametralmente meu oposto. O coração da rua e da noite, obviamente não quis uma mulher ás claras, exposta a luz do dia. As suas mulheres precisam ser prateadas da luz da lua e não douradas da luz do sol. Tudo era sabido desde do princípio. Ninguém jamais pode ir contra aquilo que está previsto pelo momento da vida em que cada um está. A tentativa, mal sucedida, deixa apenas marcas de desencontro. De pessoas que precisavam encontrar antes a si mesmas em si mesmas. Antes, assumir as próprias vontades e expectativas. Encontrar-se. Plenificar-se. Tarefa para, nada menos, do que uma vida inteira. Em separado.

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